Directamente do esgoto
Cada vez mais se assiste a um jornalismo que em vez de dar a conhecer a informação, nua e crua, a fornece já inclinada e com forte conteúdo opinativo (em alguns casos, como se vai ver a seguir, insultuoso). Na semana passada li e subscrevi a 100% os posts ([1] e [2]) da Sara non c'e acerca de um moço de nome Davide Pinheiro que ainda anda à procura de saber o que é jornalismo (é disso e, suponho, da chupeta), apesar de ter um canudo que o habilita como jornalista.
Hoje encontrei mais um caso claramente abusivo que me deixa a questionar se não há sanções para quem faz estas coisas. Pelo menos um processo em tribunal era capaz de dar em alguma coisa. Falo da notícia que vem no Destak acerca do novo programa de Verão da SIC. A jornalista (suponho eu que o seja) Vera Valadas Ferreira refere na notícia a dupla sofrível formada por Francisco Menezes e Rita Ferro Rodrigues e mais à frente (e aqui é que a coisa piora) que o espectador é agora convidado a assistir à falta de jeito para a coisa
de Merche Romero, Nuno Graciano e José Figueiras. Três estarolas que,
estando intermitentemente na prateleira do canal, volta e meia são
chamados para apagar fogos.
Não está em causa se ela até está a acertar no que diz, está sim em causa que ao invés de dar a notícia, ela emite uma opinião, ainda por cima uma que facilmente pode ser considerada insultuosa.
De onde saíram estes "jornalistas"? Acho que alguém os devia lembrar que não escrevem num blog (ou outra coisa qualquer do género) onde as alarvidades vão sendo permitidas...
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15 Comentários:
O Código Deontológico dos jornalistas há muito que morreu... e o pior, é que a maioria destes jornalistas rascas têm laivos de ditadores. Coitado de quem cai nas mãos de tais abutres.
Acham-se engraçados a enterrar os outros! Não se dão conta que, mais dia, menos dia, serão eles o defunto! Mas a culpa também é de algumas pessoas que só procuram "notícias" desse tipo!
A culpa é de quem os contrata. E de quem os deixa de sair da faculdade a achar que jornalismo é o mesmo que mandar bitaites na mesma do café. Se calhar são discípulos da Moura Guedes.
Afectado, obrigada por teres concordado comigo e é precisamente nesse sentido que vou ter de discordar de ti :) porque aquilo que critiquei nos textos do tal Davide (este nome mata-me) Pinheiro era que os comentários opinativos e jocosos que ele teceu foram feitos erradamente porque no cabeçalho do seu texto não estava escrita uma palavrinha que faz muita diferença: "Opinião". Coisa que podes ler por cima do texto de Vera Valadas. Ou seja, isto que ela escreveu não é uma notícia, é um espaço concedido pelo jornal para que a jornalista (ou não, um dos males da profissão é que acho que não é obrigatório ter-se curso de jornalismo) escreva a sua opinião.
Já os textos do davide pinheiro eram a reportagem do festival. Ora, numa reportagem ele não pode escrever aquilo que escreveu, sobretudo porque está baseado em premissas erradas. Bastava que o artigo dele tivesse por cima aquilo que o da Vera Valadas tem, e eu tinha feito outro tipo de críticas, que não jornalísticas.
:)
pronúncia, está cada vez pior.
malena, a questão não está no tipo de notícias mas sim no modo como são dadas. são coisas muito diferentes.
daniela, oh nãããããããoooooo!
sara, não me recordo de ter visto isso quando escrevi o post, mas admitindo que já lá estava, então tens razão as situações não são propriamente iguais. ainda assim, como artigo de opinião, não me parece que esteja feito de forma aceitável...
Afectado, tendo em conta os comentários, que vão todos no sentido daquilo que aqui criticaste, eu até pensei que eles tivessem acrescentado o "opinião" depois.
Se eu fosse uma das pessoas visadas, com certeza que ia ficar muito chateada... mas, que fazer? Ela emite a opinião dela: acha que eles são maus. E acrescenta que, sob o ponto de vista dela, aqueles 3 apresentadores ficam sempre com os restos da grelha do canal. Pode ser duro de ler, e poderia estar escrito de forma mais educada, mas são estilos... o artigo está assinado, ela que arque com as consequências que existirem. Mas numa época em que cada jornal procura sobreviver, acredita que um texto escrito naquele tom (que eu desaprovo) traz muito mais visibilidade (e page views) do que se fosse um artigo escrito em tom cordial. Isto é uma questão de estilos, tal como o 24h tinha o seu. E esse já faliu... São escolhas, que depois trazem consequências ;)
sara, ela pode opinar que eles são maus e outras coisas do género. é uma opinião, apenas isso (e eu nem discordo assim tanto disso). no entanto, que dizer da parte dos estarolas? isso enquadra-se num artigo de opinião?
Eu acho que eles nem se importavam de ser os 3 estarolas, visto que estes tiveram um sucesso que eles nunca podem sonhar sequer alcançar ihihih. Epah, tenho lido coisas bem piores. Não sei a fundo o que diz o código deontológico sobre os artigos de opinião, mas este caso não me parece por aí além. Acho que é exagerado, são 3 pessoas que se limitam a apresentar programas onde não há muito mais a fazer, mas as pessoas também não papam tudo o que lêem. O nome dela está ali escrito, ela assume o que escreve... eu não concordo com o estilo, mas acho que não há muito a fazer...
sara, sim, se for de opinião menos mal. a minha dúvida agora prende-se com o facto de "opinião" estar lá quando li a primeira vez ou não.
nunca o saberei.
Este assunto é difícil, estivesse lá ou não a palavra opinião. Porque de facto há mau jornalismo? Não, não há mau jornalismo. Há outras coisas para as quais já alertei diversas vezes e que, segundos muitos, sempre pequei pelo exagero. No entanto, mesmo numa reportagem, não é fácil manter sempre a imparcialidade. E dou o exemplo do desporto. Quantas reportagens não começam por "má exibição do..."? Isso em si não é já emitir uma opinião? Por outro lado, ou há moralidade ou comem todos. Não foi exactamente o que se passou coma a Manuela Moura Guedes? Um enorme exemplo de péssimo jornalismo? Ou melhor, um enorme exemplo das outras coisas que eu já disse? Pois é, mas enquanto nestes dois artigos se falavam de coisas que pouco interessam, no caso da Manuela...
cirrus, no caso que referes do "má exibição", aí penso que não dá para extinguir isso. quer nessa situação, quer noutras, perceba-se. nunca um jornalista conseguirá ser perfeitamente distante ao assunto, sem tecer nenhum juízo.
senão nem se poderia dizer um concerto apagado, ou um concerto energético, nada...
o pior é quando se tecem certos tipos de comentários que começam a roçar o insulto.
Não digo que não, não digo que não.
Mas como sabes, o insulto depende mais de quem o recebe do que de quem o dá. Nada a objectar sobre o facto implícito na crónica ou opinião que referes, que é o insulto gratuito. Mas sabes que por vezes uma pequena faísca despoleta um grande incêndio. E quem fala para o público não o pode fazer sem faíscas, ainda que pequenas.
Talvez seja a diferença entre parcialidade e despudor, pois, como sabes, não há meios de comunicação imparciais. Nunca houve.
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