segunda-feira, novembro 10, 2008

Realidades paralelas - A mão dura francesa e o porreirismo português

Em França (versão real):

Um português foi condenado a prisão perpétua num tribunal francês por ter assassinado o seu enteado de cinco anos, após dois meses de maus-tratos e torturas. De acordo com o Correio da Manhã, a mãe foi condenada a 30 anos de prisão. Os avós maternos do menino, dois tios, dois médicos e uma assistente familiar também sofreram sanções.
(...)
O português disse estar arrependido pelos seus actos, que descreveu como algo «horrível». Invocou a sua toxicodependência como factor atenuante. Mas o tribunal decidiu que deverá passar o resto da vida na prisão.
A mãe de Marc, Isabelle Gosselin, também foi castigada com 30 anos de prisão. Os avós maternos do menino e dois tios foram condenados a três anos de prisão por não terem denunciado a situação. Pelo mesmo motivo, dois médicos vão ser sujeitos à mesma pena e ao pagamento de indemnizações, entre os 60 e os 75 mil euros. Uma assistente familiar foi condenada a um ano de prisão, com pena suspensa, também por não ter denunciado o caso.

Em Portugal (versão criada por mim mas que não andará muito longe do que seria se a história tivesse sido cá):

Um português foi condenado a 8 anos num tribunal português por ter assassinado o seu enteado de cinco anos, após dois meses de maus tratos e torturas. O juiz disse ainda que se durante a pena o agora condenado tiver bom comportamento, poderá estar em liberdade condicional ao fim de 4 anos. De acordo com o Correio da Manhã, a mãe foi ilibada de todos os crimes, uma vez que, apesar de saber e assistir a tudo, alegou que nunca denunciou nada porque estava muito aterrorizada e tinha medo que ainda fosse pior para o seu filho.
(...)
O português disse estar arrependido pelos seus actos, que descreveu como algo horrível. Invocou a sua toxicodependência como atenuante. Esse facto foi decisivo para a atribuição de uma pena de apenas 8 anos quando inicialmente falava-se em 14, com possibilidade de liberdade condicional ao fim de 7 anos. O juiz ressalvou que o país tem que apostar na reabilitação das pessoas, mesmos as que matam e torturam crianças de 5 anos.
Os avós maternos, que também sabiam do caso, vão ficar com a guarda da irmã do falecido enquanto a mãe é acompanhada por um psicólogo para reparar os danos psicológicos. Os tios falarão em nome da família nas Tardes de Júlia onde já lhes está prometida uma recepção cheia de carinho e solidariedade pelo sofrimento que estão a passar.
Os dois médicos vão receber uma menção honrosa do parlamento por terem tentado tratar os ferimentos do menino. Entretanto sabe-se que decorrerá uma investigação para perceber se os dois médicos, enquanto foram tratando a criança, não se tinham apercebido que esta estava a ser alvo de maus tratos violentos. O processo deverá demorar 10 anos a ser concluído, sendo por isso arquivado antes desse tempo. A assistente familiar, que nunca denunciou o caso, foi promovida a um cargo superior por ter tido sangue frio o suficiente para acompanhar a criança de tortura em tortura. A assistente familiar vai também integrar o programa Você na TV, de Manuel Luís Goucha, assinando uma rubrica similar à de Hernani Carvalho (Crime diz ele) com o nome de Crime diz ela.


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14 Comentários:

ipsis verbis disse...

E o meu dia estava a correr-me tão bem... Cambada de animais!

ipsis verbis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ipsis verbis disse...

(mais uma vez, a culpa de dois comentários seguidos, exactamente iguais, não foi minha)

Hannah disse...

Dura realidade mas verdadeira!

País de brandos costumes,

De deixa andar,

De vamos lá ver,

De podia ser pior,

País de quem tem pode!

País de tristezas...

HEY! ACORDEMOS TODOS QUE JÁ é TEMPO!

Rafeiro Perfumado disse...

Só desconfio se a pena em Portugal seria tão pesada...

Abraço!

Gi disse...

Nós somos um país de brandos costumes; a única guilhotina que temos é aquela de cortar papéis.

Anónimo disse...

Infelizmente não andas longe da verdade...

TeddyLover disse...

É...somos um país de brandos costumes e de deixa andar...só desejo que nem todos se limitem a criticar, que não se acomodem todos aos costumes e que ainda haja quem não deixe andar tanto assim...mesmo que pareça que estamos a remar contra a maré, mesmo que estejamos mesmo a remar contra a maré, o certo é que assim se acabar por ir mudando alguma coisa...todos parados...todos desesperançados, todos inertes...ISSO É QUE NÃO!!!...

Cor do Sol disse...

Se nao fosse uma historia horrorosa a tua descriçao dava vontade de rir. O pior de tudo é que por aqui é mesmo assim...

Pronúncia do Norte disse...

Também deverias ter mencionado, que depois de absolvidos, ou coisa que os valha, pedem uma indeminização choruda ao Estado.

Como Estado = Todos nós, então lá estou eu a sentir-me ROUBADA!

Bruno Fehr disse...

Portugal dá vontade de rir pela negativa!

Maçã com Canela disse...

E é assim a justiça em Portugal!! Até dá nojo!!!!

Enfim ...

M disse...

Parece-me uma teoria bastante realista... Triste, mesmo triste.

branca disse...

Não só somos um país de brandos costumes... mas somos um país em k os poderosos do crime se safam e os desgraçados se lixam... Quem tem dinheiro compra tudo, os advogados, os juizes, ministerio publico... não digo todos.. mas muita dessa gente é corrupta.. se as coisas realmente se soubessem, duvidam k essa gente poderosa não está por tras de mts crimes?? e os fracos k sabem disso é k sofrem com as consequencias, e levam com as culpas... não acredito na "justiça" portuguesa... e dps ver casos destes.............

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