quarta-feira, fevereiro 17, 2010

As bolsas da Universidade do Minho

Não consigo ficar surpreendido ao ler este caso. Não por achar normal, mas por achar "normal" que assim seja tendo em conta que se fala da Universidade do Minho. E nem é meu hábito falar mal desta Universidade porque conheço-lhe bem as qualidades, mas se há coisa que nunca consegui perceber foi a atribuição das bolsas.

Lembro-me perfeitamente de situações em que havia pessoas a fazer ginástica financeira para conseguir pagar as propinas e as resmas de sebentas com que nos presenteavam todos os dias. Isto já para não falar das refeições, deslocações diárias, contas, etc.
Os carros eram velhos, as roupas não eram certamente da Sacoor, etc. Havia pessoas destas que não tinham bolsa.

Por outro lado havia quem fosse para a Universidade de Mercedes, BMW's e afins, vestisse roupa que custa os olhos da cara, andasse frequentemente na noite a estourar dinheiro, entre outros pormenores reveladores. Nada contra estas pessoas. Se têm dinheiro, que lhe façam o que quiserem. Tenho contra quem a algumas dessas pessoas atribuiu bolsas, escalão máximo.

É por isso que não me surpreende a notícia que linkei, e que não me admira mesmo nada que a Carla tenha algum colega que após receber a bolsa mensal, entre no seu Mercedes, e vá estourar em meia dúzia de dias o dinheiro da bolsa, que era para um mês, em coisas que comprovam claramente a estupidez que o processo de atribuição de bolsas representa na Universidade do Minho.


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29 Comentários:

Poetic Girl disse...

é revoltante sim senhora. Minha mana formou-se na uminho, e na altura foi um sacrificio enorme eu e a minha mãe conseguirmos ajudá-la a concluir o curso. Minha mãe é reformada, tem um reforma pequena, tomava conta de crianças para fazer face ás despesas. Minha irmã nunca teve uma bolsa de jeito, apenas 40€, que são 40€? Se tirou o curso não foi graças ao apoio que lhe deram e a que tinha direito. Foi graças ao sacrificio que as três fizemos, porque se estivessemos á espera da ajuda da bolsa, ela não tinha possibilidades de o concluir. É triste mas é a realidade deste país... bjs

Eu mesma... disse...

Apesar de tudo não me posso queixar, já que este ano me aumentaram um pouco a bolsa em relação ao ano passado, o que é uma ajuda, mas não posso deixar de apontar alguns casos, mesmo na minha turma, de pessoas que recebem bolsas de 400€ e vestem-se com roupinha de marca, os papás vêm busca-las à escola de BMW e outros....
ok, não sabemos o tipo de despesas que têm mas se calhar, se calhar mesmo, alguém que conduz um BM deve ter mais dinheiro que alguém que estuda, tem um filho, uma casa para manter e só um ordenado a entrar em casa...
digo eu!!!!!!!

Sílvia Barros disse...

Infelizmente não é apenas na UM que se verifica esse tipo de situações. É em todo o lado!
Que a atribuição de bolsas é anormal e injusta já se sabe desde sempre. No entanto, pior do que isso, para mim é revoltante na notícia que apresentas, que as jovens deixem os pais sacrificarem-se desta maneira para tirar um curso na faculdade. Entendo que seja importante continuar os estudos, também o fiz, mas podem muito bem conciliar com trabalhos a part-time que ajudem a pagar as despesas! E se não fôr naquele ano que vão para a faculdade vão no próximo, depois de juntarem um dinheiro. Os apoios falham, é certo, não podemos contar com isso e portanto temos que ser nós a reunir as condições necessárias para conseguir seguir em frente! Somos muito tacanhos e preguiçosos nesse aspecto. Se fores a verificar o que se passa nos E.U.A., o normal é os jovens trabalharem e estudarem ao mesmo tempo para pagarem os estudos, não ficam à espera que os pais percam os seus rendimentos!Eu não deixava meus pais passarem por uma situação dessas! Mas isso é a minha opinião!

Mulheka disse...

Pior que isto, é saber que não acontece só nesta universidade.
É triste, muito triste.

M disse...

Não sei se leste os comentários à notícia. Aparentemente, estão mais preocupados por a rapariga preferir ficar em Braga, do que fazer o percurso Famalicão-Braga. Não é por nada, mas de que parte de Famalicão? Só por aí, para mim seriam 30 minutos de carro e sem trânsito. Mas de uma forma ou de outra, existem custos. Infelizmente, a má atribuição de bolsas é habitual. No caso da Carla, apresentaria uma reclamação à atribuição com base num caso concreto. Do tipo, o João recebe bolsa mas vem para a universidade de Audi e veste Sacoor. Metia nojo, criava o escândalo, e no final, resultando ou não, tentaria mudar de universidade.

Ana disse...

Há casos tão gritantemente gritantes e flagrantes que uma pessoa pensa que só podem estar a gozar. E só podem, mesmo...

afectado disse...

poetic, há muitos casos assim... pessoas que precisam da bolsa mas se esperarem por ela, nunca mais se safam!

afectado disse...

anne, felizmente há bolsas muito bem atribuídas. no entanto há outras... :s

afectado disse...

sílvia, sim, será um pouco por todo o lado. apenas falei da UM porque é a realidade que conheço melhor e aquela que me apeteceu destacar pela negativa.

afectado disse...

mulheka, sim, os exemplos serão vários.

afectado disse...

allie, não li...

a questão das deslocações pode nem se pôr, basta que ela não tenha carro nem existam condições para o comprar. quanto à meia hora de viagem não é muito. já não se dirá os mesmos dos custos de gasolina, manutenção do carro, etc, que isso implicaria.

afectado disse...

*o mesmo

afectado disse...

vani, pois, mas isso já não dá para duvidar!

Cor do Sol disse...

Eu fui a estudante revoltada sempre a protestar por esse tipo de situações. Se me adiantou? Nada.

afectado disse...

cor do sol, pois, eu também sempre fui contra estas coisas, mas continua tudo na mesma.

Pronúncia disse...

Afectas, o problema é da UM e de quem escolhe a quem atribuir a bolsa ou será de todo um País onde a declaração de IRS de muitos portugueses sofre autênticas operações de "engenharia financeira"?!

Lembro-me há uns anos de um senhor famoso deste País, declarar ordenado mínimo, com direito a tudo quanto era subsídio e mais alguma coisa, e afinal os filhotes estudavam num colégio todo "in" em Inglaterra e algumas das viagens até eram de jatinho particular...

afectado disse...

pronúncia, claro que o problema é de uma dimensão muito maior que a da UM. no entanto quis destacar o caso da notícia e falar da realidade na UM pois conheço-a bem.

mas sem dúvida que o problema vem de cima.

Pronúncia disse...

Conheces tu e conheço eu e olha que a injustiça não é de agora, infelizmente isso já acontece desde que me lembro.

Na altura em que por lá estudei havia um aluno que tinha direito à bolsa máxima, andava de descapotável xpto e morava no Hotel Turismo... mas o economista do pai era muito bom!!! (e este é só um dos muitos exemplos a que assisti)

afectado disse...

pronúncia, há muitos casos do género... demais, infelizmente!

Lady Me disse...

Na instituição acontece o mesmo. Vêm-se estudantes não deslocados, com carro e roupa de marca com bolsas de 300€ e os deslocados sem direito a 1 cêntimo.

afectado disse...

lady me, não creio que se possa ver isto por deslocados ou não. há deslocados que podem ter dinheiro e há não deslocados que podem ter dificuldades... não é a distância à universidade que interessa para o caso.

Cirrus disse...

Esta história cheira-me a esturro como tudo... Muito mal contada, mas mesmo muito... E então esse pormenor do alojamento em Braga... Muito mal contada.
Todos sabemos que isso acontece em todo o lado, porque quem tem um negócio próprio ou empresa têm sempre o ordenado mínimo. Curiosamente, os pais da menina tinham negócio próprio... Mas não vejo grande tragédia... Assim como assim, nunca tive bolsa de estudo por ser trabalhador estudante. Resta-lhe essa hipótese, a mais digna. Ah! E o comboio para Nine... Deve ficar mais barato que o quarto em Braga.

afectado disse...

cirrus, não me pareceu mal contada, mas é sempre uma possibilidade.

o alojamento não sei se será necessário ou não. depende das condicionantes.
pois, mas se calhar o comboio de Nine não anda a todas necessárias (não sei, estou apenas a atirar para o ar). e ela pode ser de algum sitio longe de Nine...

quanto aos trabalhadores-estudante tenho o maior respeito, mas apenas pelos verdadeiros. é que isso é mais uma das fraudes frequentes. conheci muita gente que puxava do estatuto sem trabalhar um segundo que fosse por semana.

A rapariga do chapéu vermelho disse...

este teu post não foi nenhuma novidade para mim. Reconheço 2 casos no meu ano em tudo aquilo que descreveste.

afectado disse...

ava, quem não conhece... :s

D. disse...

Parece-me incrível ler certos tipos de comentários... porque é que um aluno pobre tem de sacrificar notas e estudos e ser prejudicado por não ter nascido num berço de ouro? Se o ensino é gratuito e universal, então seria no mínimo bizarro mandar-mos os alunos menos abonados ter part-times e acabar os cursos com médias de 11 para existirem meninos que se pavoneiam na faculdade sem fazer nada porque têm cunhas e empregos certos.
O estado tem de dar bolsas de estudos aos estudantes que não têm condições para pagar os seus estudos e tem de fiscalizar essas bolsas de modo a evitar situações vergonhosas de que muitos se orgulham ostentando os carros e as marcas à frente dos que deixam de almoçar para poder comprar um livro ou pagar uma oral, por exemplo. O problema não está em dar apoio ou mandar os alunos desistirem de estudar porque os pais não são ricos, a solução está na justiça na atribuição de bolsas.

Cirrus disse...

Daniela, queira desculpar-me, mas parece ter-se dirigido a mim e ao meu comentário, e se assim não foi, peço antecipadamente desculpas. Eu concordo inteiramente com o que diz, acredite-me. Mas saliento o facto de em Portugal TODA a gente saber porque acontecem estas coisas. E não só! Pessoas riquíssimas que não pagam nos transportes, que não pagam medicamentos, que não pagam nada! E nós sabemos que não é o Estado o culpado. Somos nós, por permitirmos que FDPs destes declarem ordenados mínimos quando são donos de empresas! E volto a salientar que a miúda teve direito a bolsa enquanto a família teve um negócio, o que não deixa de ser estranho.

Além do mais, não percebo qual o problema de um estudante trabalhar enquanto tira o curso. Os outros não o fazem? Problema deles. Eu, por exemplo, que não tinha dinheiro e ainda tirava do meu ordenado mínimo para ajudar em casa, trabalhava das seis da tarde às três da manhã e durante o dia ia para as aulas, tive escolha? Nunca pedi bolsa, é certo. Sempre me recusei a fazê-lo. Decidi que quando não fosse dono do meu destino, desistia de estudar até o poder fazer novamente. Nunca desisti. Demorei mais tempo a tirar o curso? Sim, muito mais tempo. Mas o currículo com estas condições, apresentado em empresa que valorize o trabalho, pode crer, abre muitas portas. Parece uma cunha! Trabalhar não é nenhuma vergonha e não aspirei nunca ser como esses colegas (sim, também os tinha) que andavam a receber bolsas montados em BMWs. Pelo contrário. Senti-me sempre bem mais digno que eles em andar ali a estudar na Universidade. Além do mais, alguns dos que conheci com empregos garantidos nas empresas do pai, agora engrossam as listas de desempregados. Nem sempre a vida corre bem. Mesmo que se receba bolsa, qual é a indignação de trabalhar? Ou não é para isso que estudamos, para trabalhar? E se for ao contrário, qual o problema? É, por acaso, um trabalhador-estudante, um diminuído mental?

MIGUEL disse...

é engraçado como eu consigo viver integralmente com 300 € de bolsa, sem ajuda de NINGUEM. E existem pessoas com bolsas de 700 €...eu não consigo compreender...quando pergunto nos SAS o porque daquilo, respondem que essas pessoas precisam...

Anónimo disse...

Alguem me sabe dizer se mesmo sendo bolseiro posso
meter as propinas no irs 2010?

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