sexta-feira, janeiro 08, 2010

Os melhores professores do mundo e arredores

Neste festival que tem sido as negociações do governo com os sindicatos dos professores muito se tem ouvido falar nas classificação que os professores obtêm. Ouve-se falar em "excelente", "muito bom" e "bom". Sempre estranhei que não se falasse dos que obtinham "razoável", "insuficiente" e "desastroso" (nomenclatura imaginada por mim). Mas agora já percebi:
Por outro lado, os lugares ocupados pelos professores com “Muito Bom” e “Excelente” não serão contabilizados para efeito do preenchimento de vagas. Ou seja, a progressão destes professores, que está garantida independentemente da existência ou não de vagas, não retirará lugares aos docentes classificados apenas com “Bom”. No ano passado, segundo indicou Isabel Alçada, foi dada esta nota a 83 por cento dos professores. [via Público]
Ou seja, professores fracos? Em Portugal não existem... 83% são excelentes ou muito bons. Suponho que os 17% que restam sejam para os bons. Fenomenal! Portugal dava um case-study bem giro.


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10 Comentários:

Paula disse...

Não quero falar muito deste tema porque não quero que a classe me caia em cima! Mas, pelo que leio no Público, 83% são bons! 17% são muito bons, excelentes ou razoáveis. Até porque existem cotas para essas avaliações! Confessa, foi essa costela anti-prof que te fez ler assim... :p

afectado disse...

paula, também pensei que pudesse ser como disseste. penso que a frase não é clara, mas admito que seja 83% de bons (o meu português nunca foi o melhor).

no entanto isso não muda nada da ideia do post... portugal tem os melhores professores do mundo, afinal só há bons, muito bons e excelentes. fantástico! folgo em saber que não há professores razoáveis, maus, desastrosos.

eu não tenho uma costela anti-prof... muito pelo contrário. por achar que com estas palhaçadas (isto dos bons, muito bons e excelentes só pode ser chamado de palhaçada, para não dizer pior) só prejudicam os que realmente são bons professores porque são metidos no mesmo saco que os maus. onde está o mérito? não está! anti-prof são as pessoas que defendem aberrações destas em que se mete tudo no mesmo saco.

Joaquim Ferreira disse...

Sem dúvida que os professores são bons. Foram avaliados a longo da sua formação. E tal como muitos outros profissionais, fazem melhor o que melhor sabem fazer: ensinar. Foram credenciados pelas universidades. E, se queremos fazer a diferença, imponha-se um salário em função da média obtida ao longo da formação e não em função de uma avaliação suspeita que queriam impor e ainda permanece. De facto, o pior ainda está para vir. Que modelo de avaliação? Que critérios o vão determinar? Enfim... Teremos de estar atentos porque Os Alunos Não São Tijolos!
e os professores não fazem milagres. Se queremos avaliar pelos resultados, os professores com os melhores resultados têm que aceitar ir leccionar para as escolas dos últimos lugares do Ranking, e, nas outras, assumir as turmas com piores classificações e fazer dos seus alunos "campeões!". Enquanto isto não acontecer, recusamos-nos a aceitar uma avaliação que tem em linha de conta não o progresso dos alunos mas o nível alcançado pelos mesmos. Assim, de nada servirá a um professor conseguir fazer os alunos subirem a média de 10 ou 11 (ou até menos!) para 14 valores se o outro professor (o tal excepcional e que terá garantido o Excelente neste critério!"), recebe uma turma de alunos com média de 18 valores acabar o ano sem que eles passem além de 15 ou 16 valores. Quem é o melhor professor? Pelos critérios dos resultados, será obviamente o professor dos alunos que desceram de rendimento. Porque estamos em TOTAL DESACORDO com este critério, Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa ! . Visite-nos!

afectado disse...

joaquim ferreira, ou seja, toda gente que conclui a sua formação académica, é bom profissional. dá-me aspecto que o cu não tem nada a ver com as calças e pensava que isso era óbvio para todos.

salário em função da média obtida no curso? e o mérito profissional? ah esqueça, isso não interessa para nada... afinal são todos bons, muito bons, ou mesmo excelentes!

parabéns aos professores portugueses que são todos bons, muito bons ou excelentes!

Joaquim Ferreira disse...

Caríssima Paula (08 Janeiro, 2010 11:04). Queria dizer-lhe que (a menina ou senhora) deveria primeiro reflectir e aprender antes de fazer afirmações. Acaba de ser noticiado nas notícias da TV um caso de uma professora que foi suspensa. Queira saber que as contas que apresenta são dos restantes (não Bons!) imagine, onde estão incluídos esses das notas mais baixas. Não há 17% classificados com "Excelente". E este número é mesmo muito baixo. Há muitos mais professores Excelentes! O problema será daqui a uns anos a desmotivação que vai reinar nos professores por motivos que abaixo vai compreender. O desinvestimento não vale o esforço. Os portugueses parecem ávidos de perseguir os professores e descarregar neles a sua fúria, as suas angústias... Não são "tacanhos" mas parecem "cegos" pretendendo buscar bodes expiatórios como se condenar um indivíduo qualquer fosse a solução para acalmar os ânimos, independentemente de ser ele ou não o culpado do crime!... Qualquer cidadão admite que na selecção portuguesa há excelentes jogadores. Só Excelentes! E que muitos outros também excelentes ficaram de fora! São opções porque há um limite de 11 jogadores no campo. E a equipa só pode ter "x" suplentes! Mas nas escolas isso não se passa assim! Pode haver mais de metade Muito Bons e muitos Excelentes. Ou será que, como nos clubes de futebol teremos agora de abandonar os nossos clubes (agrupamentos!) para conquistarmos uma menção de excelente que merecemos? Teremos de ir para um meio onde haja só "cegos" (perdoem-me o uso deste termo!) para termos direito à justa menção que merecemos? É que, com as quotas (ou cotas!) não é possível que haja uma escola com mais de 10% de Excelentes! Ou seja, é como se um clube só tivesse 2 jogadores Excelentes! Digam isso ao Real Madrid ou ao Porto. A selecção dos Professores está na Administração Educativa (Direcções gerais, Direcções Regionais, etc.). As equipas estão por todo o país. Mas há gente que esteve na Selecção que nem um Excelente alcançou por falta de quota!
Esta é uma injustiça que ficará na memória de milhares de professores injustiçados! Não tenham dúvida que deixará marcas cravadas na alma e espelhada na voz dos professores que forem injustiçados, ano após ano, enquanto este sistema absurdo vigorar! É uma segregação que fica marcada para toda a vida. Deixem-se de falácias ou mentiras camufladas! Agora, minha cara, o problema é saber o "como?" foram atribuídas as notas de Excelente e "a quem?"... Falta saber (e desiluda-se que, quando começar a conhecer casos vai dar-nos razão!) porque seguramente, muitos dos professores (que a Paula e muitos outros consideram como "maus professores”) estão seguramente incluídos nestes “Excelentes”. Nós conhecemos casos. Mas como são só 10%, já a caríssima Paula (e outros tantos portugueses que vagueiam pela Internet!) ficam todos contentes uma vez que. Aparentemente a avaliação está bem feita, só porque há poucos, por isso, tem que estar bem.
Agora, o que deveríamos fazer, nós professores, era aplicar justamente o mesmo aos alunos. E se só 10% dos professores é que podem ser “Muito Bons” ou “Excelentes”!) em cada turma, independentemente da qualidade dos seus alunos, só a mesma percentagem é que conseguiria essa nota. E assim, de todas as turmas sairia apenas um aluno para medicina. E em breve teríamos médicos incompetentes porque não pode haver tantos excelentes (dizem os cabeçudos!) apesar de a nota para entrar na universidade ser superior a 18 valores. É incrível. É por estes (e por muitos outros motivos mais!) que Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa ! .

Joaquim Ferreira disse...

É por tudo o que atrás já escrevemos que sentimos a revolta e o desânimo dos professores. De muitos que investiram na sua formação para melhorar a sua profissionalidade e agora vêem que lhes barraram artificialmente a progressão na carreira e jamais vão conseguir chegar à classificação de "Muito Bom" nem de Excelente. Assim, um professor, apesar de ter obtido resultados espectaculares, só lhe resta ficar desiludido ao ver-se classificado, pela primeira vez na vida, com apenas um “Bom”. Se ao longo de todo o seu percurso obteve Excelente (como a minha filha com 20 valores no secundário e “a todas as disciplinas”!) é triste que alguém menos competente lhe venha agora atribuir uma nota de “Bom” (7 valores, a que corresponderia a um mísero 14 na escala de 1 a 20!). Pela primeira vez na vida! Querem professores motivados com estas regras? Não. Não vamos ter. O desânimo e o desencanto serão a marca da frustração de se saber como é que as regras de atribuição destas notas serão colocadas em prática. Só porque existem quotas e. As classificações que foram atribuídas a colegas menos competentes começam a gerar um estado de angústia, de desilusão por toda esta parafernália de injustiças que vão propagar-se da sociedade e proliferar nas escolas anualmente como cogumelos. Sabe, por acaso, como foram atribuídas as classificações de "Excelente"! Sabe que "quem avalia" é interessado na nota para si mesmo, concorrendo à mesma percentagem de "Excelentes" que os que ele mesmo avalia? Sabe que qualquer professor avaliador que seja excelente nunca atribuirá uma nota de Excelente a outro se constatar que a sua nota fica em risco uma vez que ao atribuir aos outros, diminui as suas possibilidades de ter ele mesmo um "Excelente"? Já pensou que, se o que avalia é menos competente do que o avaliado (e há-os aos montes por aí fora!) não vai conseguir reconhecer a competência dos outros. Enfim... Estamos tramados. E a prova está na revolta espelhada no rosto, na voz e nas palavras de dezenas de professores "Excelentes" (à luz do que fazem pelos alunos e até dos médios mas positivos resultados obtidos em turmas muito fracas!) que foram classificados com 7 valores e que assim se viram ultrapassados por professores no mesmo e oriundos de outros agrupamentos que foram classificados com 8 e com 9 valores. Incrível. É como se atribuíssem a um varredor uma rua quase limpa e a outro uma avenida imunda e no fim do dia fossem avaliar os resultados de cada um. Pobre do trabalhador esforçado da avenida que nem a meio chegou e o outro que andou todo o dia de telemóvel na mão a conversar com as namoradas e a mandar mensagens (ou a fazer joguinhos!) perante os inspectores da limpeza, este é o Excelente. Incrível. Como se pode advogar um sistema de avaliação tão injusto? Só num país de analfabetos. Nos países europeus ditos mais avançados, existe avaliação do corpo docente como um todo e não de professores individualmente. para fazer isto há que colocar todos os alunos numa roleta e distribuir "igualitariamente" os alunos pelas turmas. mas sabemos que isto é impossível. Porque os alunos começam logo a divergir as suas opções e a fazer a "selecção natural" conforme as suas maiores capacidades em determinadas áreas pelo que muitos professores estarão condenados à partida, sem direito a defesa, a serem EXCELENTES, MUITO BONS, ou simplesmente BONS! Até quando? Não se sabe. Mas, cá por mim, Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa ! .

afectado disse...

joaquim ferreira, não que eu tenha algo a ver com a conversa entre si e a paula, mas olhe que ela é sua colega...

Paula disse...

Joaquim, peço-lhe desculpa, mas não lerei toda a sua reflexão! Para isso, teria de ter a certeza que o senhor leu o meu pequenino comentário e aparentemente não o fez, ou pelo menos, não correctamente! O que é que a professora suspensa tem a ver com o facto de eu ter feito uma correcção ao pensamento do Afectado?!

E já agora, eu sou professora e fui avaliada a meu pedido(não concordo com a forma como está a ser feita a avaliação, mas temos de começar por algum lado...).

Quanto à sua sugestão de sermos avaliados pela média de faculdade, pense bem no que pede! E saiba justificá-lo... A injustiça permaneceria! Eu saí de uma faculdade que admitia dar piores notas que a sua "rival"; diziam os estimados professores que estávamos muito melhor preparados! Além disso, meu caro, eu sou uma professora muito mais bem formada hoje (não adormeci à sombra de uma árvore e continuo a procurar as coisas) que há seis anos, quando saí da faculdade.

maria teresa disse...

Eu fui toda a vida professora e digo sem medo que só cerca de 20% dos professores estão entre os muito bons e os excelentes. Há professores muito maus, incapazes mesmo (deviam escolher outra profissão), professores medíocres, professores "assim/assim" dependem da sua vida privada e professores bons. Estes últimos ocupam a grande faixa mas não chegam aos 50%.

Vou alegar insanidade quando escrevi isto.

afectado disse...

maria teresa, ora aí está a sensatez que se pede. e o post não é contra os professores, seria contra qualquer outra classe profissional em que mais de 99% dos seus profissionais fossem considerados bons, muito bons ou excelentes. é ridículo e descredibiliza a classe. e penso que aqueles que são professores competentes, acham muito mal que assim seja. eu conheço alguns que estão totalmente contra esta falsa genialidade da classe.

é assim em todas as profissões, há bons, há razoáveis, há maus... mas alguns professores preferem continuar a viver uma mentira!

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