segunda-feira, maio 18, 2009

É comercial, não presta - sentencia o conhecedor

Há algo que distingue os conhecedores de algo, seja música, cinema ou outra forma de arte, dos outros. Para se ser considerado conhecedor é essencial não se gostar do que é comercial. Não interessa o porquê, mas se consideram algo comercial como sendo bom, depressa virá alguém dizer que vocês não percebem nada do que estão a falar.

Quantas vezes não vos aconteceu de estarem a falar de uma qualquer banda de música que gostam e alguém vos dizer que há uns anos eles eram bons, depois tornaram-se comerciais e agora não prestam? A mim já aconteceu muitas. O que me faz pensar que é um crime gostar de algo comercial, seja lá o que isso for. E quando alguém diz "ui, desses não gosto... são muito comerciais"... Muito? Mas quê, há algum aparelho para medir o quanto comercial é algo? Enfiam-no no rabinho enquanto ouvem a música ou vêem o filme e retiram no fim para saber o grau de "comercialidade"? Do género: "deixa cá retirar o aparelho para ver se isto é muito ou pouco comercial... UAU, esta é apenas pouco comercial, ainda posso ouvir e dizer publicamente que gosto".

E ai de vocês que digam que gostam de filmes que foram êxitos de bilheteira tipo Titanic (não que eu tenha gostado dele), são logo devorados por esses conhecedores implacáveis. Mas se o filme fosse francês, com uns actores meios manhosos já era aceitável. E se fosse belga ou polaco? Então isso já o transformava num filme altamente recomendável. Ou então se fosse um filme com uma história muito alternativa (neste caso mesmo que falado em inglês). Porquê (em ambos os casos)? Porque para esses conhecedores o que é bom é o que não é visto pelas massas. Se as massas virem, então é pecaminoso gostar disso pois não tem qualidade e é... pois, isso mesmo, o maior defeito de todos que uma música ou filme podem ter: ser comercial!


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32 Comentários:

Cirrus disse...

Afectado,

Sabes, por certo, que a minha banda preferida são os Pink Floyd. São muito comerciais? Sem dúvida, só um dos albuns já vendeu 75 milhões de cópias. Não me importo muito com isso. Já os U2, por exemplo, que considerava fazerem boa música até ao Achtung Baby, fizeram uma viragem que, na minha opinião, os fez aproximar do zero absoluto. São mais comerciais? Nem por isso, Joshua Tree ou Unforgetable Fire venderam muitas cópias.

Portanto, posso mesmo dizer que o termo comercial não me diz nada. Agora, se vejo uma banda virar o rumo de uma carreira só para seguir uma tendência do mercado, então, nessa perspectiva, tornam-se comerciais no sentido de agradar a um mercado. Aí, penso que perdem muito valor.

O exemplo que dás no cinema é um bocadinho triste - Titanic terá sido dos piores filmes que vi. Mas o Gladiador, por exemplo, já não me cansa. Não encanta, mas é bom. Êxito de bilheteira é o Mamma Mia e... enfim... Gato Preto Gato Branco cabe na tua definição de "manhoso"? É que esse é genial, ou o Underground... E são sérvios...

afectado disse...

cirrus, exacto, gostas de coisas comerciais, coisas não comerciais. ou seja, não é isso que regula o teu gosto.

uma banda pode virar de rumo para agradar ao mercado e manter a qualidade, ainda que de forma algo diferente, ou até aumentar. porque não? uma altura li uma critica de um conhecedor qualquer em que falava nas fases da carreira dos metallica. apercebi-me que a fase que o gajo mais criticava, por ser comercial, foi a que teve mais músicas que me agradassem.

o exemplo do titanic foi o primeiro que me surgiu, até porque tal como disse nem gosto do filme.

sérvios também tinham ficado bem na frase que escrevi no post :). não conheço esse filme. mas conheço outros das nacionalidades que referi e que gosto. eu não tenho nada contra isso. mas também gosto de filmes comerciais. mas há pessoas que só "pescam" nos que não são vistos pelas massas...

fica melhor a um conhecedor gostar de coisas que pouca gente vê ou conhece porque lhe dá um ar mais selectivo.

Pronúncia disse...

Não me preocupo muito se a coisa é ou não comercial. Ainda por cima quando estamos a falar de arte.

A arte é muito subjectiva, na minha modesta opinião, que disso percebo muito pouco. A única coisa que me interessa é se gosto ou se não gosto, mais nada.

Mas acho os "conhecedores" uns tipos fantásticos, especialmente aqueles que não criam nada, apenas... criticam. É bem mais fácil criticar que fazer.

No que diz respeito a música, literatura, cinema, quem manda é a minha sensibilidade, vou por aquilo que gosto e não pelo que os "conhecedores" alegam ser de qualidade ou não.

afectado disse...

pronúncia, eu também. se gosto gosto, se não gosto, não gosto. não me interessa se é comercial ou não...

mas que há alguns conhecedores muito interessantes que só presta o que não é comercial, isso há!

Pronúncia disse...

A maior parte deles ;)

Sara non c'e disse...

Já fiz um post semelhante e subscrevo inteiramente o que escreveste! ;)

afectado disse...

sara non c'e, eu lembro-me de há uns tempos ter lido um post sobre o assunto, provavelmente foi mesmo no teu blog!

Ana GG disse...

Entendo perfeitamente o que queres dizer. Também não me guio por aí, tanto me faz que seja ou não comercial, estou como a Pronúncia, o que de facto me interessa é se gosto ou não. Por outro lado acho que no cinema, por exemplo, certos filmes geniais ou pelo menos muito bons, estão fora dos circuitos e portanto menos acessíveis.

O "Underground" que o Cirrus refere é imperdível.
Referes os filmes franceses, como exemplo, olha que os há também com muita qualidade. Não podemos é restringir de forma alguma a procura...o truque é mesmo experimentar, desbravar, tentar conhecer todas as hipóteses que estão ao nosso alcance, sem rótulos.
Sei lá, digo eu....

:)

CarlaRamalho disse...

Pois... sei do que falas! Também já me aconteceu! São os pseudo intelectuais a tentar marcar uma posição!!Coitados...

Anónimo disse...

é que é mesmo isso, sem tirar nem por... comercial e emo LOL se é comercial, já não se gosta, se é emo, ui credo que horror. eu nem sei o que é um nem outro. enfim, bem haja a esses grandes conhecedores do não-comercial e não-emo, se não fossem eles, que seria de nós!

Ana disse...

Ihihih, mais uma vez o Cirrus deu-lhe na mouche. :D Adorei o gato preto, gato branco, por acaso... :-p :D

Ana disse...

Mas não sou esquisita em matéria de filmes. Geralmente não crio grandes expectativas e vejo cada filme como aquilo que é ou com a potencialidade esperada. O indiana jones 4 pode não ser o melhor dos filmes, mas eu parti-me a rir, tá???? :D

Sim, há quem ache que gostar daquilo que as massas não conhecem lhe dá um ar intelectual, selecto, je ne sais quoi, sei lá...o que não impede q os filmes menos vistos pelas massas não sejam bons filmes.

Mas, convenhamos que as massas, por vezes...camilo presidente????...oh páh...poupem-me...

Mas, já diz alguém q, se gostassemos todos do mesmo, o que seria do amarelo.

É por essas essas e por outras que me estou mas tintas para as críticas dos filmes. Primeiro vejo. Depois, critico. POde ser uma mierda? Pode, mas ao menos EU vi para poder dizer que é.

Por acaso adorei o waterworld e foi um fracasso de bilheteiras...

Cirrus disse...

Ana GG

É mesmo do outro mundo, o Underground, diz lá!! O Kusturica tem grandes filmes, mas o Gato Preto e o Underground... É só rir e só chorar...

Pronúncia disse...

E a música do Gato Preto... e do Underground?!

Fantástica, do outro mundo. Mesmo, mesmo a condizer com os filmes :)

afectado disse...

ana gg, sim, eu também gosto de filmes que não foram vistos pelas massas. e também gosto de alguns muito comerciais que não é por o serem que deixam de ser bons :)

afectado disse...

suspeita, pseudo intelectuais - gostei :)

afectado disse...

dani, sem eles eu era exactamente a mesma coisa pois jamais deixaria a minha opinião ser condicionada por conhecedores tão inclinados :)

afectado disse...

vani, deste um exemplo do camilo o presidente que eu ainda nem sequer vi, mas por exemplo a minha mãe gosta. mas lá está, as massas... para uns é bom, para outros não. e convenhamos que também há muita merda que não é das massas e só por isso para alguns ganha logo o rótulo de genialidade e coisas assim. há de tudo para tudo!

forteifeio disse...

Cirrus e Afectado

Não é por vender mais ou menos que um álbum um música ou qualquer coisa que o valha, que é comercial.

É comercial quando o facto mais importante é o lucro rápido invés da mensagem e do conteúdo que possui.

afectado disse...

forteifeio, a partir do momento que eles vivem da música/filme que fazem, acredito que em 99% dos casos procurem lucro rápido.

e desconfio que a maior parte das pessoas atribui a categoria de comercial a algo que venda muito (ainda que o objectivo principal do seu criador fosse passar a tal mensagem).

Ana disse...

Concordo com o forteifeio... mas vejamos uma coisa, se querem viver da arte, têm e vender. Se querem vender, tem de SE vender. Ora, isto significa ir de encontro do gosto das massas. Para pormos pão na mesa, temos todos de nos vender um pouco.

Conheço uma banda, que era fantástica, que criava a música que adorava. Mas nunca puderam por pao na mesa à conta dela. O próprio jose cid lhes disse que tinham de colocar singles mais comerciais no meio da arte, para poderem vender e, por consequinte, comer...

O josé cid é um exemplo perfeito de quem faz as duas coisas: música meramente comercial, que ele sabe que vai vender, nem q seja pimba E aquilo que ele entende como arte. O homem tem uma boa voz, e já cantou com uns grandes como chico buarque...e dá também para o jazz, se não me engano...mas, isso vende? não vende, não come...

afectado disse...

vani, confesso que não estou pronto para discutir josé cid.


:P

forteifeio disse...

afectado

quando existe qualidade, o lucro aparece com naturalidade. A partir do momento que atingem determinado patamar, só tem de se preocupar em fazer algo bom, e até podem demorar mais tempo.

afectado disse...

forteifeio, mas o que para mim tem qualidade para ti pode não ter e vice versa :P

forteifeio disse...

afectado

lamento, mas isso não é bem assim.
Há pessoas com mais conhecimentos, se me disseres que gostas de Tony Carreira eu respeito, mas não estamos a falar de música, podemos é chamar-lhe divertimento, espéctáculo o que for.

afectado disse...

forteifeio, mas se juntares dois grupos de pessoas com mais conhecimentos poderão concordar em muitos casos, mas noutros não. será sempre algo subjectivo...

no entanto percebo o que dizes e obviamente que há pessoas com mais "autoridade" para dizer se uma música é boa ou não do que eu. mas, que não digam que não é boa por ser comercial. digam que não é boa e se justificarem, que seja devidamente.

forteifeio disse...

afectado

a questão do ser comercial tem também a ver com o facto de perdurar no tempo ou não. E como sabes muitas das musicas que entram mais facilmente no ouvido devido à melodia que produzem ser contagiante, uns tempos depois essa mesma música é vulgar e não passa de mais uma, o conceito de comercial estou em crer que é aplicado mais nesses termos.

afectado disse...

forteifeio, sim, isso é verdade. há músicas que ouvia há muitos anos atrás e ainda hoje as ouço e outras que por vezes soam bem ao ouvido mas apenas por breve tempo.

Cirrus disse...

Entendo isto tudo, e todos vocês têm razão.

No entanto, quando há viragens em certas bandas, por exemplo, em que se viram para o mercado e esquecem a razão pela qual escrevem, então, para mim, esqueçam. Há viragens que não perdem qualidade (Pink Floyd é o maior exemplo disso), há outras que (na minha opinião, atenção), são desastrosas (U2 e Queen, por exemplo).

E depois, há aqueles que sempre fizeram o que gostavam e sempre venderam, como os Stones ou o concerto do ano 2009, os AC/DC. Nada contra.

Anónimo disse...

Subscrevo o post.
Cada um deve seguir os seus gostos e ponto final, principalmente se estamos a falar de arte.
O termo comercial deve ter sido criado pelos críticos, essa espécie humana que sabe tudo sobre determinada área, logo tem que estar acima dos comuns mortais pelo que não pode ter os mesmos gostos destes.
Quanto a mim não ligo minimamente ao termo "comercial", tanto assim é que as minhas preferências musicais são Radiohead, Stone Roses ou Soundgarden, bandas apelidadas de comerciais. Em contra partida não gosto de U2, Madona ou LinkinPark, p.ex. Afinal tudo se resume a gostarmos de algo com que nos identificamos.

afectado disse...

cirrus, de facto os U2 têm piorado... é pena.

afectado disse...

andré miguel, exacto, temos é que gostar daquilo que nos diz algo. se vende muito ou pouco, se se vende muito ou pouco, isso é com eles.

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