terça-feira, maio 13, 2008

Os jovens para lá dos seus limites I

Não que eu tenha vivido noutros tempos, mas estes são sem dúvida tempos cheios de facilidades para os jovens. Regra geral a vida vai sendo facilitada pelos pais, o acesso a alguns privilégios não se afigura como uma conquista, mas sim como uma inevitabilidade. Para muitos o sucesso e a felicidade traduz-se nos comas alcoólicos, nas ganzas que fumam, na droga que consomem. Dizem eles que vivem o presente. Digo eu que matam o futuro. Esses que vivem noutro mundo, no mundo em que o que é bom é o fácil, o que os amigos fazem, o que é bonito é dizer que fizeram, tornam-se pessoas psicologicamente frágeis. Pessoas que há primeira adversidade podem ruir.

Esses de quem falo, só pensam nessa suposta luxuria... nesse suposto porreirismo. Puro engano. Soube estes dias que um colega que conheci (pouco diga-se) deu um tiro na cabeça após a namorada o ter abandonado. Estava habituado a ver a vida como se estivesse deitado de barriga para o ar deitado num local qualquer agradável. Pode parecer frio dizer isto, mas é verdade. Enquanto os fracos, os tristes, os que não sabem viver o presente lá iam para a universidade cumprir os seus objectivos, ele e os seus amigos ficavam em casa a curar ressacas, fumar ganzas, e outras coisas do género. Percorriam todas as noites possíveis e imaginárias. Todos os vícios sem a mínima dificuldade... ao longe os pais davam o dinheiro para as despesas que não existiam. Sebentas, material necessário, fotocópias, e outros eram desnecessários. Álcool, droga, festas degradantes, é que valiam o investimento do dinheiro que recebiam dos pais.

Tanta facilidade, tanto viver o presente sem pensar sequer no dia seguinte, e um dia quando a namorada o deixa, mata-se com um tiro na cabeça. É preciso ser muito fraco psicologicamente para isso acontecer. Claro que essa fraqueza pode estar presente em qualquer um, mesmo não tendo esse tipo de vida. Contudo, quem está nela deixa-se ir enfraquecendo de forma inversamente proporcional ao fortalecimento da vida sem regras que levam. Terá ele tido a noção da injustiça que cometia para com os seus pais que erradamente sempre pensaram estar a ajudar o filho a criar um futuro? Terá ele pensado que se gostava assim tanto da namorada jamais devia-se suicidar por causa dela, pois será uma cruz que ela terá sempre que carregar (apesar de não ter culpa alguma)?

Poucos jovens que hoje em dia se deixam arrastar nesse tipo de vida chegam a este ponto, mas o certo é que há essa possibilidade. São jovens sem objectivos, sem um projecto para a sua vida. Apenas querem saber que pertencem orgulhosamente ao lixo da sociedade.

[continua]


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3 Comentários:

M disse...

Muito bem, jovem. Você apanhou-me desprevenida com este texto. Está fantástico. Espero ler brevemente a continuação.

(PS: Depois disto, tenho medo do que me farás na próxima rubrica.)

Anónimo disse...

bolas. este foi potente

Sílvia disse...

Bem, eu fui a um funeral a pouco tempo de um rapaz que deu um tiro porque supostamente a namorado o abandonou...será o mesmo?!

Bem, eu acho que ha tempo para tudo, para alguns excessos e para a vida dita responsavel.

Como é obvio...o que é demais é erro.

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