Noite de comédia

O que as eleições têm de melhor neste país são as horas que se seguem ao fecho das urnas. Desde a conversa aborrecida do Rui Oliveira e Costa a fazer de conta que a Eurosondagem acertou em tudo aos discursos de vitórias mais ou menos evidentes por parte de todos os candidatos. E aqui destaco o PCP que é o partido que é sempre vencedor mesmo que, como hoje, fique em último lugar. É preciso ter um espírito de vitória, uma dinâmica ambiciosa muito grande. E uma boa dose de alucinogénios também.

No PSD achei louvável o esforço das várias pessoas em disfarçarem o embaraço deste resultado ligeiro. Foi engraçado ver como eles já só desejavam não ter um resultado pior que em 2005, quando Santana Lopes numa conjuntura que era bem mais desfavorável ao PSD do que agora, conseguiu resultados mais ou menos semelhantes aos de hoje.

Acabei agora de ver parte do discurso do Paulo Portas e o homem vibra mesmo com isto. Já nas europeias ele tinha feito um discurso cheio de emoção onde nem as lágrimas faltaram. Hoje também está emocionado, ainda que mais contido. Já esteve mais longe a criação do ministério das feiras...

O Bloco de Esquerda, que deve ter tomado vitaminas para o crescimento, não se safou nada mal. Ainda assim, notou-se algum mal estar pelo facto de terem começado a noite eleitoral como 3ª força politica, terminando-a como 4ª. Ainda assim são vencedores, mais que não seja porque ficaram à frente de outros vencedores, o PCP.

Quanto ao PS foi mais do mesmo. José Sócrates não perdeu a oportunidade de dar uma alfinetada a Louçã fazendo-o passar por mal educado. Se se coligarem, Louçã ficará virado para a parede durante uma hora como castigo. E foi notório algum nervosismo quando lhe perguntaram acerca das coligações e acordos que terá que fazer. Maria de Lurdes Rodrigues deve ter sorrido, afinal os professores não fizeram mossa no resultado.

Separando as coisas em direita e esquerda (como se isso tivesse lógica), também todos são vencedores, como não podia deixar de ser. A direita porque teve menos votos, mas que reclama a vitória da não maioria absoluta do PS. A esquerda porque teve mais votos, apesar de muita gente do PCP e do BE ter passado 4 anos a acusar o PS de governar à direita, o que deixa a esquerda, segundo essas pessoas, com um resultado algures entre os 15 e os 20%.

Resumindo: ganharam todos os partidos.