Os cordeiros

Na semana passada Manuela Ferreira Leite queixou-se da ausência de 30 deputados do PSD na assembleia da república. No fundo o que se passou foi que ela percebeu que a acústica da assembleia estava diferente: haviam menos corpos a absorver as ondas sonoras, e o burburinho de quem discute o jogo de futebol, o fato do Sócrates e outras coisa dos género, não era tão intenso. Também na altura da votação deu pela falta de 30 patas no ar, o que lhe indicou a ausência dos 30 cordeiros. É esta a essência da democracia em que vivemos... há uma pessoa em cada partido a decidir o sentido de voto e os restantes acéfalos desse partido seguem essa linha de orientação, mesmo que a dita seja elevar o zézé camarinha a património nacional, realizando o árduo trabalho de levantar o braço, trabalho esse no qual eles são estrelas (é só dividir o salário pelo número de vezes que levantam o braço num mês). Depois não admira que só se dê por falta deles quando há votação... e que quando não há, ninguém se queixe das numerosas ausências (se é que a presença de uma boa parte dos deputados não deveria ser considerada também ausência).